Respeito os taxistas. É uma raça valente que pode passar até 15 horas seguidas dirigindo, muitas vezes com poucas chances de conviver com a família de maneira saudável. Seus profissionais precisam driblar, às vezes diariamente, contratempos como assaltos e outras ameaças e, ainda assim, conseguem manter o bom humor e o tratamento cortês para com seus clientes de itinerário. O que aconteceu nesse fim de semana não mancha a credibilidade da categoria, mas a desonestidade registrada merece nota.
Eu e minha noiva queríamos sair um pouco do Plano Piloto para um passeio aprazível na Ermida Dom Bosco, um mirante que recompensa seus visitantes com uma vista magnífica da Capital Federal. Após um ótimo almoço com amigos, pegamos um táxi rumo ao destino. Mas algo estava estranho. Durante o percurso, o motorista perguntou duas vezes qual caminho seguir. Comecei a desconfiar. Afinal de contas, a Ermida é um ponto turístico clássico da cidade, cuja localização não deveria ser mistério para taxistas.
Após a segunda pergunta, minha noiva perguntou ao distinto cavalheiro se ele sabia onde estava indo. Soltou um muxoxo e cometeu o seu grande erro: parou em um posto de gasolina para buscar informações. O frentista advertiu que a direção estava errada e teríamos de retornar uns 5 km. Lembrando: estávamos na bandeira 2. Me irritei. Saquei da carteira uma quantidade de dinheiro que não correspondia à corrida, mas era mais do que ele merecia diante daquela situação. Bati a porta com força e ele seguiu seu caminho.
Analisando mais calmamente a desventura, cheguei a conclusão de que em certas profissões não podemos apelar para o benefício da dúvida. Se ela acontecer, nesses casos, as consequências podem ser desastrosas. Se eu tiver dúvidas sobre o que foi apurado na minha área, com certeza serei penalizado de alguma forma e deixarei algumas pessoas descontentes. Se eu sou cobrado por isso, então posso repassar essa mesma responsabilidade para os tentam me prejudicar. E tenho dito!
terça-feira, 11 de novembro de 2008
terça-feira, 4 de novembro de 2008
4 horas de espera
Deu no Correio
As empresas de ônibus do Distrito Federal podem ser obrigadas a ampliar o atendimento do transporte público no período da madrugada. A cobrança foi oficializada por uma representação entregue nesta terça-feira ao Procurador-Geral de Justiça do DF, Leonardo Bandarra. O documento exige que as empresas de ônibus respeitem a Lei Distrital 877/95.
O tempo de espera, que atualmente pode chegar a 4 horas, terá de ser de, no máximo, 90 minutos.
Leia mais aqui
As empresas de ônibus do Distrito Federal podem ser obrigadas a ampliar o atendimento do transporte público no período da madrugada. A cobrança foi oficializada por uma representação entregue nesta terça-feira ao Procurador-Geral de Justiça do DF, Leonardo Bandarra. O documento exige que as empresas de ônibus respeitem a Lei Distrital 877/95.
O tempo de espera, que atualmente pode chegar a 4 horas, terá de ser de, no máximo, 90 minutos.
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segunda-feira, 3 de novembro de 2008
Deve ser difícil entender
Dia desses estava conversando com um conhecido. Ele é pintoso (macho que é macho não chama homem de bonito), bem vestido, trabalha como analista no Tribunal de Contas da União onde ganha um excelente salário próximo dos 5 dígitos, mas não tem sorte com as mulheres. Com um perfil assim, o rapaz é bastante cobiçado por todo o tipo de mulher que você possa imaginar, mas parece que ter uma metade da laranja não faz parte dos seus planos.
O seu desinteresse em ter uma companheira fixa despertou uma série de especulações sobre sua sexualidade. Mas o papo que tive com ele revelou um temor que até se justifica: ele tem medo.
- Como é que alguém como eu vai poder ter uma namorada sem ter a certeza de que ela não está afim de mim apenas por dinheiro?
Assim é o resumo da vida passional de parte dos alto funcionários públicos de Brasília. A indepedência financeira traz insegurança afetiva.
O seu desinteresse em ter uma companheira fixa despertou uma série de especulações sobre sua sexualidade. Mas o papo que tive com ele revelou um temor que até se justifica: ele tem medo.
- Como é que alguém como eu vai poder ter uma namorada sem ter a certeza de que ela não está afim de mim apenas por dinheiro?
Assim é o resumo da vida passional de parte dos alto funcionários públicos de Brasília. A indepedência financeira traz insegurança afetiva.
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
Algumas notas sobre tudo o que aconteceu
Como faz mais de um mês que não posto nada aqui em função de muito trabalho (graças a Deus, pois alguém tem que trabalhar nesse país)segue um apanhado geral de alguns fatos.
1) As cigarras vieram com tudo esse ano. Barulho ensurdecedor, gotículas de fezes caindo em nossos rostos a todo instante, invasões nos apartamentos. Coloco essas criaturas no hall dos insetos desprezíveis junto com os pernilongos e as baratas.
2) Essa semana foi feriado para os servidores públicos. Na cidade dos concursos, essa efeméride é amplamente sentida. Coleguinhas encantaram-se com a facilidade de locomoção ao trabalho, pois as vias expressas estavam todas vazias. Estou me referindo a quase metade de uma população de 2 milhões de pessoas formada apenas por funcionários públicos. Deve ser o único lugar do mundo em que o trânsito flui melhor em função da folga de uma única categoria de trabalho.
3)Depois de algumas desventuras, tomei uma decisão: preciso me ausentar um pouco do Plano Piloto. Estou há mais de um ano aqui e conheço muito pouco das cidades satélites, pelo menos aquelas que valem a pena serem visitadas. E os pontos turísticos? Ermida Dom Bosco, Catetinho, Pirinópolis, Caldas Novas. São lugares que merecem uma visita e ando precisando de um bom banho de cachoeira.
4) Mudamos para uma quitinete. Não é o lugar mais adequado para um casal viver, especialmente para nós homens que adoramos espaço, mas até que ele é confortável dentro de algumas específicas expectativas. Adaptações precisam ser feitas, mas vamos vencer mais essa etapa.
1) As cigarras vieram com tudo esse ano. Barulho ensurdecedor, gotículas de fezes caindo em nossos rostos a todo instante, invasões nos apartamentos. Coloco essas criaturas no hall dos insetos desprezíveis junto com os pernilongos e as baratas.
2) Essa semana foi feriado para os servidores públicos. Na cidade dos concursos, essa efeméride é amplamente sentida. Coleguinhas encantaram-se com a facilidade de locomoção ao trabalho, pois as vias expressas estavam todas vazias. Estou me referindo a quase metade de uma população de 2 milhões de pessoas formada apenas por funcionários públicos. Deve ser o único lugar do mundo em que o trânsito flui melhor em função da folga de uma única categoria de trabalho.
3)Depois de algumas desventuras, tomei uma decisão: preciso me ausentar um pouco do Plano Piloto. Estou há mais de um ano aqui e conheço muito pouco das cidades satélites, pelo menos aquelas que valem a pena serem visitadas. E os pontos turísticos? Ermida Dom Bosco, Catetinho, Pirinópolis, Caldas Novas. São lugares que merecem uma visita e ando precisando de um bom banho de cachoeira.
4) Mudamos para uma quitinete. Não é o lugar mais adequado para um casal viver, especialmente para nós homens que adoramos espaço, mas até que ele é confortável dentro de algumas específicas expectativas. Adaptações precisam ser feitas, mas vamos vencer mais essa etapa.
sábado, 20 de setembro de 2008
De volta ao gueto
A minha experiência profissional como jornalista tem como grande escola o jornal Povo do Rio, considerado por muitos um veículo sensacionalista. Apesar de ter uma linha editorial bastante polêmica e mal vista pelos acadêmicos da comunicação, nos dias atuais, reconheça-se: há mais informação do que sangue em suas páginas, ainda que de vez em quando, surja uma foto ou manchete apelativa para manchar sua reputação.
Nos 6 meses em que trabalhei lá, cobrindo férias de um repórter e a licença-maternidade de uma outra colega, testemunhei os limites da aberração humana. Entrevistei assassinos, estupradores, ladrões, famílias destruídas. Cobri apenas um enterro, o de uma criança vítima de bala perdida no Morro do Turano, na Tijuca, aos 11 anos de idade. Na ocasião, confesso, não tive fôlego para segurar o choro. A comunidade seria uma das 5 favelas que subi nesse período. A rotina era muito parecida. Acompanhar as forças policiais, em especial o Bope, que desempenhavam operações de todo o tipo. Quando não era para estourar uma boca de fumo, era para desarticular uma quadrilha de roubo e desmanche de carros.
Essa sensação de risco tomou conta de mim ontem novamente. O Varjão é uma favela que fica no Lago Norte de Brasília e a sua existência é o resultado de anos de ocupação ilegal, principalmente por nordestinos, mineiros e goianos desempregados em busca de oportunidades na capital federal. Minha missão era escutar alguns moradores e suas expectativas em relação às políticas públicas que vão transformar essas áreas irregulares em terrenos legitimizados pelo GDF. Não era uma investigação policial, não era uma área de conflito armado generalizado. Eu iria apenas buscar personagens e conversar basicamente sobre problemas urbanos. Por alguns instantes, me senti de volta à zona de guerra. O que conferia alguma excentricidade ao episódio era o divertido taxista que me conduziu ao local e, talvez, por perceber a minha ansiedade tenha se esmerado em ser mais engraçado do que eu supunha ser com os seus clientes. Aos poucos minha alma foi se apaziguando e pude me inserir na realidade daquelas pessoas.
O Varjão ainda está caminhado para ser um local com os pré-requisitos básicos para lhe conferir elementos civilizatórios. Há segurança, uma rede elétrica pouco sofrível, as principais ruas foram asfaltadas, conjuntos habitacionais razoavelmente confortáveis foram construídos, porém há pobreza inegável ao redor. Ao entrevistar um dos moradores, aleijado em função de um atentado a tiro que sofreu há alguns anos, ele reclama de que o local carece de agências bancárias mais próximas. Mas logo se desanima com a possibilidade de serem assaltadas tão logo funcionem. Digo, em seguida, que no Rio elas funcionam sem problemas em locais como a Rocinha, até em função do aumento de moradores de classe média que lá habitam, protegidos por um código de ética do crime que proíbe roubos em áreas comerciais dentro das comunidades. O que ganho em resposta são olhos esbugalhados e um “é mesmo?”
Finda a entrevista, percebo vozes de crianças. Elas estavam brincando de luta com o taxista que se prontificou em me esperar. Recebo apertos de mão e sorrisos cansados de labuta em minha despedida. E saio do Varjão com uma estranha sensação de paz. No Rio, não era raro me ocupar de certa frustração. Às vezes invejava os meus coleguinhas da imprensa carioca que se ocupavam com tarefas menos beligerantes como entrevistar um gabaritado economista ou alguma autoridade municipal. Mas diante do que encontrei hoje, pude perceber o quanto sou sortudo. Não precisei de escolta policial, de colete à prova de balas. Não havia o perigo iminente de se estar em um tiroteio. Nem o fato de andar de táxi por ali representava um abuso da sorte. Resumindo: Nunca uma ida ao gueto foi tão reveladora.
Nos 6 meses em que trabalhei lá, cobrindo férias de um repórter e a licença-maternidade de uma outra colega, testemunhei os limites da aberração humana. Entrevistei assassinos, estupradores, ladrões, famílias destruídas. Cobri apenas um enterro, o de uma criança vítima de bala perdida no Morro do Turano, na Tijuca, aos 11 anos de idade. Na ocasião, confesso, não tive fôlego para segurar o choro. A comunidade seria uma das 5 favelas que subi nesse período. A rotina era muito parecida. Acompanhar as forças policiais, em especial o Bope, que desempenhavam operações de todo o tipo. Quando não era para estourar uma boca de fumo, era para desarticular uma quadrilha de roubo e desmanche de carros.
Essa sensação de risco tomou conta de mim ontem novamente. O Varjão é uma favela que fica no Lago Norte de Brasília e a sua existência é o resultado de anos de ocupação ilegal, principalmente por nordestinos, mineiros e goianos desempregados em busca de oportunidades na capital federal. Minha missão era escutar alguns moradores e suas expectativas em relação às políticas públicas que vão transformar essas áreas irregulares em terrenos legitimizados pelo GDF. Não era uma investigação policial, não era uma área de conflito armado generalizado. Eu iria apenas buscar personagens e conversar basicamente sobre problemas urbanos. Por alguns instantes, me senti de volta à zona de guerra. O que conferia alguma excentricidade ao episódio era o divertido taxista que me conduziu ao local e, talvez, por perceber a minha ansiedade tenha se esmerado em ser mais engraçado do que eu supunha ser com os seus clientes. Aos poucos minha alma foi se apaziguando e pude me inserir na realidade daquelas pessoas.
O Varjão ainda está caminhado para ser um local com os pré-requisitos básicos para lhe conferir elementos civilizatórios. Há segurança, uma rede elétrica pouco sofrível, as principais ruas foram asfaltadas, conjuntos habitacionais razoavelmente confortáveis foram construídos, porém há pobreza inegável ao redor. Ao entrevistar um dos moradores, aleijado em função de um atentado a tiro que sofreu há alguns anos, ele reclama de que o local carece de agências bancárias mais próximas. Mas logo se desanima com a possibilidade de serem assaltadas tão logo funcionem. Digo, em seguida, que no Rio elas funcionam sem problemas em locais como a Rocinha, até em função do aumento de moradores de classe média que lá habitam, protegidos por um código de ética do crime que proíbe roubos em áreas comerciais dentro das comunidades. O que ganho em resposta são olhos esbugalhados e um “é mesmo?”
Finda a entrevista, percebo vozes de crianças. Elas estavam brincando de luta com o taxista que se prontificou em me esperar. Recebo apertos de mão e sorrisos cansados de labuta em minha despedida. E saio do Varjão com uma estranha sensação de paz. No Rio, não era raro me ocupar de certa frustração. Às vezes invejava os meus coleguinhas da imprensa carioca que se ocupavam com tarefas menos beligerantes como entrevistar um gabaritado economista ou alguma autoridade municipal. Mas diante do que encontrei hoje, pude perceber o quanto sou sortudo. Não precisei de escolta policial, de colete à prova de balas. Não havia o perigo iminente de se estar em um tiroteio. Nem o fato de andar de táxi por ali representava um abuso da sorte. Resumindo: Nunca uma ida ao gueto foi tão reveladora.
segunda-feira, 15 de setembro de 2008
Carne crua
Nosso grupo estava instalado em uma das mesas do Lapa Chopperia para relaxar um pouco da semana que parecia ter sido estressante para todos na roda. Uma das colegas pede espetinho de filé-mignon bem passado com molho vinagrete e farofa de ovo para acompanhar os drinquinhos. Meia hora depois, o garçom traz o pedido. Eis que surge a decepção. A carne estava mal passada. Nossa colega pacientemente pede que a carne seja bem passada, conforme o pedido anteriormente feito. Volta o prato para cozinha. Passa-se mais meia hora. O prato é novamente conduzido para a comensal. Eis nova decepção: carne novamente mal passada.
Depois de algumas gozações inevitáveis (com ela, com o garçom e com o lugar em si) uma terceira tentativa foi feita, só para no caso de algum insucesso, pudéssemos ter algum fato interessante para contar para os amigos. Ao trazer o prato, o garçom se certificou que, ao primeiro corte, a carne estaria de acordo com as condições pré-estabelecidas. Mas todas as esperanças foram por água abaixo quando denunciei a existência de sangue por debaixo do espetinho. Conclusão: filé-mignon mal passado pela terceira vez!!!!.
Após ser derrotada por essa saga, nossa colega não teve dúvidas. Pediu uma empada de frango.
sábado, 6 de setembro de 2008
E enquanto isso no horário eleitoral...
Aqui no DF como não há eleições municipais, a Globo está exibindo a minissérie JK para tapar o buraco da programação durante o horário eleitoral que vigora no resto do país.
E eu torcendo para que reprisassem Os Maias...
E eu torcendo para que reprisassem Os Maias...
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