sexta-feira, 30 de novembro de 2007

Mês doido esse...

Novembro termina com as seguintes assombrações:

1) Menina menor de idade é acusada de furto (que ninguém até hoje provou ou reclamou o objeto roubado)no interior do Pará. Como a cidade é pobrinha e lá não há celas esclusivamente femininas, o governo paraense criou a prisão unissex. Enclausurou a menina por 24 dias junto com os outros detentos. Foi torturada e violentada por vezes seguidas. Os responsáveis pela detenção: UMA delegada e UMA juíza. Só faltaram dizer que o pedido da prisão-suruba partiu da própria acusada.

2) O presidente da Venezuela é chamado para participar de negociações com um grupo paramilitar de extrema-esquerda do país vizinho. A autorização veio do presidente francês que achou boa idéia a intercessão, pois o colega venezuelano é um esquerdista e o tal grupo paramilitar, que fez de refèns um grupo de franceses, possui simpatia ideológica com o presidente venezuelano.

O presidente colombiano, chefe da nação onde o grupo paramilitar atua, não gostou da interferência do presidente venezuelano, chamando-o de autoritário e mequetrefe. O presidente venezuelano fez biquinho, magoou-se e ficou de mal. Agora o presidente brasileiro vai fazer uma reunião para que os presidentes venezuelano e colombiano façam as pazes. Sendo que os presidentes brasileiro e venezuelano já andaram se estranhando por aí.

3) O Brasil criou uma TV pública. Em seu conselho consultivo que vai monitorar o "conteúdo editorial" da emissora constam um cantor de rap, um empresário, um cientista político, uma vítima de violência doméstica, um museólogo e o Boni (este dispensa apresentações). Mas ninguém sabe direito o que vai fazer nos próximos 4 anos enquanto durar os seus mandatos.

Na boa, tem hora que às vezes cansa...

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

A lenta agonia dos Raimundos


A banda brasiliense de hardcore Raimundos completa 20 anos em 2007. Está muito longe de ser a influência que exerceu em meados na década de 90. Está tão distante da ribalta quanto no seu início. As brigas internas geraram acordes tão desarmônicos entre os seus integrantes que dois deles que ilustram essa foto (o vocalista Rodolfo; de óculos escuros, e o baterista, o barbudinho Fred) sequer pertencem mais a esse elenco. O primeiro virou evangélico às pressas e o segundo, sabe-se lá o que faz da vida agora.

Mas os caras insistem, mesmo que as comparações inevitáveis entre o antes e depois da fama meteórica causem certo constrangimento. Em entrevista dada a um jornal local da Rede Record nesse fim de semana, os quatro em sua nova formação (com Digão nos vocais, Canisso no baixo, Marquim, nas baquetas e Alf na guitarra) estavam em cima de um minúsculo palco montado em um ginásio esportivo que não deveria ter 10 metros de um extremo a outro. Para quem já lotou o Canecão no Rio ou abriu uma das edições do MTV Video Music Brasil era de dar dó assistir a tamanha decadência.

Apesar de pequena, a matéria foi reveladora. Eles preparam uma pseudo volta com uma turnê inédita...pelo Distrito Federal. Se tocarem em 10 cidades, já será um feito. Os shows vêm acompanhados do que eles chamam de "ingresso solidário". Metade do preço do ingresso e um livro em boas condições para a construção de bibliotecas em algumas cidades da região(a primeira foi a do Guará), garantem a entrada para rever sucessos como "Me Lambe", "Eu quero ver o oco", entre outras.

A repórter pergunta quais são os planos para o ano que vem. DVD? Um novo CD? Digão, um pouco tímido, diz que "a prioridade é apenas tocar, não estamos querendo fazer estardalhaço, por enquanto;vamos espalhar a notícia aos poucos". Humildade? Não. Estão sem gravadora e a banda perdeu a sua capacidade mercadológica na mídia faz tempo. As bandas trash da década de 80 encontram mais espaço de divulgação e promoção do que eles.

Mas justiça seja feita, o grupo não era ruim. Pertenceu àquela cepa de bandas de rock com cromossomos engraçadinhos como Baba Cósmica, Maria do Relento (alguém se lembra disso?)e, a mais famosa e rentável de todas, Manonas Assassinas. A debandada repentina do chamariz do grupo, Rodolfo, que simplesmente declarou que estava caindo fora para pregar a Palavra da Deus e bateu a porta na cara de todos, virou de ponta-cabeça a vida dos Raimundos remanescentes. Foi um inferno, especialmente para os negócios, já que contratos foram rasgados e multas pesadas tiveram de ser pagas para ressarcir shows cancelados.

Mas nada que uma boa queda não faça para que se repense com calma o que fazer daqui em diante não acham? De qualquer forma, antes a volta mirrada de um rock divertido, autêntico e descompromissado com "mensagens" do que a continuidade de imbecilidades como Latino.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Samba do "democrático" doido

Deixa ver se eu entendi...

A Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou a inclusão da Venezuela no Mercosul, um bloco econômico que durante a sua criação, em meados da década de 90, deveria fazer frente à Nafta (EUA, Canadá e México) e à União Européia como forma de se provar ao países ricos que a América Latina também poderia ser um mercado em franca ascensão num mundo globalizado altamente competitivo. Até aí morreu Neves, certo?

Uma das razões para a inclusão da Venezuela é que ela detém uma suculenta produção de petróleo. Ela sabe extrair a matéria-prima de seus campos, mas não possui a nossa tão necessária tecnologia de manufaturamento e geoprocessamento que transformariam os derivados do combustível fóssil venezuelano em ativos mais qualificados para o consumo interno e para o externo (exportação). Uma mão vai lavar a outra e todos ganham dinheiro.OK? ok.

Mas a oposição do governo Lula afirma que a inclusão do país no bloco é ultrajante, por causa de sua aparente ditadura estar, entre outras arbitrariedades, violando os preceitos democráticos e elementares de seu povo e manipulando os Três Poderes para que o presidente Hugo Chavez tenha (incluindo aí uma overdose de reeleições) eternas regalias...

...E UM DOS PUXADORES DA CORRENTE DA OPOSIÇÃO É ACM NETO?????

Antônio Carlos Magalhães Neto (foto) pertence ao Democratas, antigo Partido da Frente Liberal, ex-ARENA, um dos braços políticos que apoiou e ajudou a sustentar uma ditadura militar de 21 anos que torturou, matou e perseguiu brasileiros, silenciou imprensa, manifestações artísticas e instituições democráticas.Uma representação política que precisou desinfetar a putridão de um passado, optando por nomenclaturas mais simbolicamente bisonhas.

Alguns asseclas de alguns ancestrais de ACM Neto pertencem às mesmas gangues de fascínoras que motivaram a criação de uma Comissão de Direitos Humanos que até hoje possui dificuldades em se trabalhar no processo de indenizações para as famílias de centenas de mortos e desaparecidos políticos, porque até hoje os militares não disponibilizaram provas documentais para as formalizações jurídicas de praxe. E nunca disponibilizarão.

Há algo de muito, muito estranho num país que possui uma oposição a um governo de esquerda, cuja representação foi historicamente responsável pela construção de uma ditadura e hoje protesta contra a legitimização de outra. Ainda que seja a do vizinho.

Isso se chama demagogia. E já que estamos na Corte,pergunto: ACM Neto... Por que não te calas?

ALIÁS E A PROPÓSITO
Para saber mais sobre a polêmica definição de ditadura no governo chavista, leiam o excelente artigo do (meu amigo) jornalista e cientista político Maurício Santoro, do IUPERJ, clicando aqui

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Sobre sobrancelhas

O baranguismo e o bom gosto sempre andaram em total concórdia nas sociedades modernas. Ambos sobrevivem em uma coexistência pacífica, agradando às preferências individuais dos que têm coragem de escolher entre um e outro.

Em Brasília não poderia ser diferente. Há mocréias e tchutchucas como em todo o Brasil, claro. Mas o que diferencia o ecossistema candango dos demais é a produção do "código genético" das primeiras, um sistema de padronização exclusivo oriúndo, quem sabe, dos salões de beleza mais exóticos.

O molde das sobrancelhas brasilienses, em grande parte das espécimes, é arqueado pra baixo, conferindo às candanguinhas uma aparência maquiavélica e quase demoníaca. São curvas acima dos olhos que retocam a já tão conhecida anti-sociabilidade brasiliense; um povo que não sabe dizer "por favor", "obrigado", mal sabe se desviar das calçadas para o transeunte amigo fazer o seu itinerário.

Na hora do rush (o desordem do trânsito local já possibilita irritantes engarrafamentos; é o progresso chegando à província como diria Maluf) muitas delas se reúnem, refesteladas de cansaço, em frente aos pontos de ônibus do Shopping Pátio Brasil. A fadiga torna-se ainda mais cruel quando o estandarte impresso nos olhos é um convite para o afastamento prévio... Jack Nicholson fez moda por aqui e não sabe disso.

Acreditem, dá até medo de pedir uma informação a essas pobres almas, quanto mais tentar puxar um papinho para espairecer o tédio da espera pela bendita condução. Com aquelas sobrancelhas, qualquer uma parece ter problemas demais em casa para que sejam importunadas em seu ódio fashion.

Mas poderia ser pior. Em Manaus, no início da década de 90 do século XX, as meninas imitavam um adorno criado pela cantora Sula Miranda. Pintavam as unhas dos dedos de uma cor *(vermelho) e do dedo mindinho de outra completamente diferente *(amarelo) . Dos pés e das mãos.

*cores opcionais

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Depois reclamam...


Os proprietários do Jornal de Brasília acharam por bem encontrar um garoto propaganda à altura de suas ambições comerciais. Elegeram para a tarefa alguém sob medida que representasse uma grande parcela de seus leitores ou, talvez, o tipo de notícia consumida por esse mesmo público-alvo. Alguém com apelo popular suficiente que pudesse estar identificado como um igual perante a sua massa de consumidores fiéis para multiplicar as vendagens de suas edições.

Escolheram Nerso da Capitinga, o caipira mineiro criado pelo humorista Pedro Bismark, uma das descobertas de Chico Anysio. Nerso é um personagem bronco, ingênuo, que mal articula as palavras, que, sabe-se lá, se lê ou escreve. Ele já fez propaganda de rodeios, supermercados e até de insumos agrícolas. Mas nunca imaginei que alguém pudesse enxergar em Nerso, uma estratégia eficiente de marketing para um jornal diário que entre suas matérias-primas estão rigores analítico-textuais que Nerso nem sonha em saber do que se trata.

Pelo racio(símio) descrito nesse estudo de caso, tal aberração se repetiria caso contratassem o João Gordo para fazer um comercial sobre academias de ginástica ou uma modelo anoréxica para uma propaganda sobre complementos alimentares. Daqui a pouco veremos o palhaço Tiririca tecendo loas ao Correio Braziliense. Muito esquisito...

Definitivamente, foi um tiro no pé. Não leio mais o "JB" daqui por respeito à inteligência que ainda possuo. Mais uma prova dos tempos inglórios que a categoria (à dos jornalistas, especifique-se) vive.

E mais uma prova da província jeca que é Brasília.

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

Por enquanto, soy contra

A Copa de 2014 está sendo alardeada pelos quatro cantos de Pindorama como uma grande conquista brasileira, como a grande chance de mostrar ao mundo o quanto amadurecemos em termos de políticas públicas e o quão responsáveis com os investimentos em infra-estrutura podemos ser, haja vista a excelente performance de gestão e organização que os Jogos Panamericanos obtiveram.

Mas o ceticismo é reinante até entre grande parte dos entusiastas, tanto que o fato de se sediar um certame mundial não é uma unanimidade disparada. A Copa vai nos custar pelo menos R$ 50 bilhões apenas para ajustar os principais estádios às especificações básicas da FIFA. É uma grande tentação para se fazer uma farra com o dinheiro público digna de Calígula, vide licitações boazinhas para as panelinhas de empreiteiras que vão se lambuzar desse mel de perdição.

Iniciativa privada? Aí também mora um problema. Os Jogos Panamericanos do Rio foram orçados em R$650 milhões financiados pelo BID e outras instiuições de fomento, incluindo-se aí uma seleta de empresas privadas idôneas. Terminou com um superfaturamento de R$ 3 bilhões. Quiseram criar uma Comissão Parlamentar de Inquèrito, mas a CPI do Pan foi abortada antes que o coito fosse interrompido. Vamos ver o que vai acontecer lá pra 2013.

Enquanto Lula continua fingindo mais uma vez que não sabe de nada sobre as articulações para um virtual terceiro mandato (o que, possivelmente, o levará a uma segunda saraivada de vaias em eventos esportivos de grandes proporções), o governo ainda dá sinais que ainda falta muito pra se arrumar a casa.

Relatório da ONG Contas Abertas esclarece que "em relação a este ano, os investimentos federais ainda estão longe da meta que o Executivo se fixou". No caso do PAC, dos 427 projetos identificados no Orçamento da União, num total de R$ 7,5 bilhões previstos para 2007, o governo só executou até agora R$ 1 bilhão, incluindo despesas pendentes de anos anteriores (os chamados restos a pagar).

E a imprensa clama por transporte coletivo de qualidade, aeroportos funcionando, segurança para atletas e cidadãos. Então tá. Vamos dar muita sorte se a Constituição não for alterada às escuras para que a Escola Hugo Chavez de Formação de Ditadores Latino-Americanos não encontre no Brasil a sua mais rentável filial.