sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Tamanho não é documento

Um exemplo da prosperidade econômica do DF pode ser constatado pela última pesquisa realizada pelo IBGE que monitorou o volume de depósitos em poupança feitos em agências bancárias privadas e estatais no ano passado.

Os correntistas candangos possuem debaixo dos colchões mais de R$ 4 bilhões para uma população estimada em 2 milhões e 300 mil habitantes.

Comparado com o Piauí, o estado mais pobre do país, observa-se uma diferença gritante. O volume da poupança alcança, com certo sofrimento, R$ 1 bilhão, considerando sua população de um pouco mais de 3 milhões de habitantes.

Detalhe: O Distrito Federal tem 5 mil quilômetros quadrados. O Piauí tem mais de 200 mil

Como é que é?

Entrevistado ontem pelo Correio Braziliense, o embaixador do Irã, Sayed Reza Nobukhti ressaltou a inexistência de homossexuais no país conforme pregou, entusiasticamente, o presidente Mahmoud Ahmadinejad em uma universidade americana. Até aí tudo bem.

Lá pela terceira pergunta que enfocava a visita do presidente iraniano a terras brasileiras daqui a duas semanas, o embaixador teceu loas sobre o comércio bilateral entre os dois países. Ao falar sobre o setor de automobilismo, veio com essa:

- Já existe uma linha de montagem de carros Gol no Irã que funciona com peças brasileiras e iranianas. É o mesmo carro feito no Brasil, tanto que mantivemos até o nome. Gol em persa significa "flor".

Brincadeiras à parte, existe coisa mais gay do que um carro com nome de Flor?

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Falta do que fazer

Um homem foi preso na noite desta quarta-feira acusado de passar 40 trotes para o 190 da Polícia Militar do Distrito Federal. José Reginaldo da Silva, de 33 anos, realizava a quadragésima ligação de um telefone público na QNN 22, em Ceilândia, quando foi autuado em flagrante pela PM.Leia mais aqui

Atenção puxa-sacos!!!

Neste domingo completa 59 anos de existência o excelentíssimo procurador-geral da República, Antônio Fernando Souza. O cara merece!

O "plim plim" do PT

Nunca na história desse país um governo agregou tantos profissionais de imprensa das Organizações Globo como este que se segue. O lulismo global começou com a entrada do ex-repórter do Fantástico, Hélio Costa, como ministro das Comunicações, seguiu com o ex-comentarista político do Jornal da Globo e Globo News, Franklin Martins, que recentemente tomou posse na Secom (Secretaria de Comunicação Social) e este articulou a entrada de Teresa Cruvinel, colunista de política do Jornal O Globo, para a presidência da TV Brasil, a TV estatal de Luís Inácio Assis Chateubriand Lula da Silva, que deve começar a operar a partir de dezembro.

Enquanto isso no Rio, o tele-deputado Wagner Montes, ex-jurado do "Programa de Calouros" do SBT de Silvio Santos é sondado para ser candidato a prefeito em 2008.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

A chuva e o que vem depois dela

Nesta semana, completaram-se 4 meses sem chuvas aqui no DF e em várias regiões do Centro-Oeste. A meteorologia já anuncia para breve os primeiros pingos, lá para a segunda semana de outubro segundo os mais otimistas, e a ansiedade de tal fenônemo vem acompanhada de boas e más notícias. Tal escassez, aqui em Brasília especificamente, costuma produzir uma série de efeitos colaterais no ambiente e no asfalto da região. O que vem a seguir parece ser digno de filme catástrofe.

O clima muito seco da região e os contrastes de frio e calor excessivos fazem com que colônias de ácaros, bacilos, bactérias, vírus e outros microorganismos fiquem em, digamos, estado de hibernação aparente. Eles não agem com muita profundidade na sua função de serem parasitas microscópicos. Quando a chuva deságua sobre o cerrado, retorna para o solo o barro vermelho e fumacento que já estava misturado na atmosfera durante meses devido aos fortes ventos. O resultado é uma chuva pesada que instantaneamente devolve a umidade antes perdida e com ela os bichinhos citados acima despertam de seu sono eterno. Resultado: alergias respiratórias de toda espécie. Gripes, resfriados, rinites, bronquites, enfim, infestam os desavisados. O caos.

O pior ainda está por vir. Durante esses mesmíssimos 4 meses sem chuva, o asfalto de Brasília acumula toneladas e mais toneladas de resíduos procedentes de seus quase 930 mil veículos que circulam diariamente pela cidade. Quando começar a chover, as pistas principais e todas as suas paralelas e perpendiculares vão se transformar em ringues de patinação. A água, ao entrar em contanto com tanto lixo químico sem tratamento, produz uma espuma escorregadia que faz com que os carros se acidentem às dezenas por dia. É como se galões e mais galões de detergente tivessem sido espalhadas por algum ser diabólico. Não é brincadeira.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

A ficha finalmente caiu...

Leia abaixo artigo escrito por Ruy Fabiano, do Jornal da Comunidade desta semana. Bastante esclarecedor.


"A Baixada Fluminense de Brasília"

"O Rio de Janeiro tornou-se capital do Brasil em 1763, ainda no tempo da Colônia. Deixou de sê-lo em 1960, com a inauguração de Brasília. Nesses 197 anos em que pontificou, formou em torno de si um cinturão de pobreza e violência – a Baixada Fluminense -, constituído por migrantes e excluídos sociais, cujo destino é gravitar em torno do poder, na expectativa das migalhas do banquete oficial.

Brasília tem apenas 47 anos – e já reproduz o cinturão de pobreza da antiga capital. Conseguiu estabelecê-lo numa velocidade quatro vezes maior. A Baixada Brasiliense – apelido que o presidente da OAB, Cezar Britto, deu ao Entorno da capital – exibe hoje todos os ingredientes que o Rio de Janeiro permitiu que se estabelecesse em sua periferia, em quase dois séculos de negligência social.

Quando o Rio despertou para o quadro de abandono social que o cercava, já era tarde. Os morros da cidade, folclorizados em numerosos sambas, como redutos de poesia e resignação, já se haviam transformado em fortalezas do narcotráfico.

E a Baixada, com suas cidades-dormitórios, carentes de infra-estrutura e ações mínimas do Estado, reproduzia em topografia plana as mesmas anomalias sociais das favelas cariocas.

A configuração presente, em que o narcotráfico ocupa morros e periferia e faz de seus moradores (em sua imensa maioria trabalhadores honestos) cinturão de proteção contra a polícia, estabeleceu-se a partir do primeiro governo Brizola, em 1982.

Embora devotado ideologicamente às causas populares, o “socialismo moreno” de Brizola tratou-as com superficialidade e visão marqueteira, com iniciativas tais como a de colocar elevadores em favelas e afirmar que, “em meu governo, polícia não sobe o morro”.

Diante disso, os traficantes subiram e estão lá até hoje, sem que nenhum governante, desde então (incluindo o próprio Brizola, que voltaria ao governo em 1990), saiba o que fazer para removê-los sem provocar um genocídio. Esse o fruto de políticas populistas ditas de esquerda, na paisagem social da ex-cidade maravilhosa.

Já em Brasília, os estragos, de dimensões equivalentes, resultam de políticas populistas ditas de direita (até hoje não descobri o que as diferencia). Joaquim Roriz, político goiano, foi nomeado governador de Brasília pelo então presidente Sarney, nos anos 80 – mesma época em que o brizolismo dava seus passos iniciais no Rio.

Roriz chegou com ânimo de permanência. E trabalhou nesse sentido, sendo vitorioso nas primeiras eleições para governador da capital federal, em 1990. Mas, como não havia reeleição, purgou breve ausência antes de retornar, em 1998 e em 2002.

Faz menos de dez anos, mas os efeitos da política populista que a partir de então adotou parecem resultar de décadas de incúria gerencial. A distribuição gratuita e maciça de lotes no entorno da cidade, sem a contrapartida de serviços de infra-estrutura e de oportunidades de emprego para os beneficiados, gerou, com uma rapidez estonteante, o quadro presente de pobreza e violência na periferia federal. Politicamente, rendeu-lhe preciosos dividendos: os beneficiários dos lotes tornaram-se eleitores cativos.

Os lotes eram o seu “bolsa-família”. Pouco lhe importavam as críticas da classe média, da imprensa ou da oposição. Eram as “elites”, dizia ele, incomodadas com a atenção que dava ao povo, etc. e tal e blá-bla-blá (qualquer semelhança não é mera coincidência).

No mapa da criminalidade, elaborado periodicamente pelo Ministério da Justiça, Brasília e seu entorno passaram a figurar, desde então, entre as cidades mais violentas do país.
O repórter Amaury Jr., do Correio Braziliense, viu isso de perto. Estava empenhado em radiografar esse ambiente, numa série de reportagens, quando, na quarta-feira (19), foi baleado a mando de traficantes. Sobreviveu, mas o trauma da agressão não é só dele ou da imprensa. É de todo o país, que constata que sua capital, até então tida como ilha da fantasia, distante da realidade sofrida dos demais entes da federação, tornou-se sua síntese mais dramática.

Brasília está cada vez mais próxima do Brasil - e cada vez mais parecida com ele: pobre, violenta e cética quanto ao futuro. Enquanto isso, o Senado discute se deve ser secreta ou não votação para julgar quebra de decoro parlamentar. Decoro? O que é isso?"

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Capitalismo manso

A impressão que se tem por aqui, às vezes, é de que o cliente é um artigo de luxo um tanto desnecessário para a prosperidade dos negócios no DF. São vários os relatos e pessoas (não brasilienses em sua extensa maioria) que se queixam da falta de traquejo de estabelecimentos comerciais quando se deparam com pequenos contratempos que deveriam, em tese, ser revertidos para o benefício da clientela. Exemplo do último caso:

Um cidadão precisa comprar um garrafão de água, desses de 20 litros, pois o estoque doméstico está acabando e o clima seco da cidade nessa época não é para amadores. Ao adentrar a loja, ele é informado pela mocinha do caixa de que o garrafão que possui é incompatível com a marca líder e portanto não será possível a troca. O consumidor pergunta se pode, então, comprar o garrafão apenas. Após a resposta afirmativa, ele inocentemente pergunta pelo preço. A moça responde que o "rapaz que poderia responder a essa questão não se encontra, mas que vai estar aqui em duas horas".

Como se não bastasse, ela pergunta se o cliente não gostaria de levar um cartão com o telefone da loja para que o sedento freguês ligasse mais tarde para perguntar sobre o preço do garrafão.

Desistiu na hora e só levou um pote de requeijão, economizando a conta do telefone.

O garrafão foi comprado num posto de gasolina.

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Falando sobre vaia

Acompanhando a namorada ao médico, preencho os minutos de espera folheando um curioso artigo de Ruth de Aquino, da revista Época, sobre a vaia sofrida pelo governador Sérgio Cabral, semanas antes, em um evento em Campos (Norte-Fluminense) onde o presidente Lula, um entendido do assunto e convidado-testemunha do episódio, teria aconselhado paciência nesse tipo de contratempo ao recém-empossado governador.

A escriba faz um pequeno libelo sobre a função sócio-política da vaia, por definição uma manifestação de desagravo. Ilustrando sua tese, a articulista se apropria do verbete retirado do...Wikipedia, uma enciclopédia virtual colaborativa da internet.

Por colaborativa, compreende-se a possibilidade de uma vastidão de pretensos entendedores com computadores domésticos produzir conteúdos apócrifos e sem rigores científicos ou teóricos de pesquisa necessários para uma qualificação de credibilidade. No Wikipedia, a "vaia" sofre algumas alterações tendenciosas de significado e é assim descrita, entre outros argumentos: "Em casos de extrema desaprovação, pode ser acompanhada de objetos arremessados no palco."

É evidente que a enciclopédia eletrônica se preparou para eventuais imperfeições ou distorções, sendo que qualquer internauta pode interagir e modificar o conteúdo que considerar ofensivo ou calunioso. Por ter sido utilizado, talvez, uma definição semântica duvidosa do substantivo, segue uma delineação mais tradicional e confiável da palavra vinda do Aurélio, o dicionário:

"Zombar, escarnecer, troçar. Dar vaias, fazer assuada, manifestação em forma de gritos e assobios"

"Os objetos arremessados no palco" na definição anterior pode ter obra de algum Democrata. Com todo o respeito.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Sentimento de ingratidão

É comum a imprensa daqui sempre questionar a alguma celebridade candanga que despontou Brasil afora sobre o porquê de se abandonar a terra natal. Não há necessariamente um sentimento de rancor inquisitório nas perguntas, mas sempre fica nas entrelinhas um quase dever de justificativa. Ás vezes o ressentimento descamba para insinuações mais explícitas. A última foi com o poeta Chacal em entrevista ao caderno "Pensar", do Correio Braziliense de 1º de setembro. Eis a pergunta:

- Você viveu em Brasília, mas parece que não quis saber de ser um brasiliense de fato. Houve um momento em que você enjoou da cidade, se negou a participar de atos culturais e chegou a considerá-la provinciana. Que maus humores lhe levaram a isso?

A resposta foi de uma diplomacia poucas vezes vista em saias justas como essa. Apesar de carioca de nascimento, Chacal passou uma temporada por aqui nos idos da década de 70. Chegou a montar um movimento cultural que não alcançou a expressão que deveria. Teve de se mudar para o Rio "onde vive vertiginosamente seus movimentos e intensidades culturais"

É. Pode ser.