O Brasil já era pra ter dado certo há muito tempo. Na mesma seara em que surgem avalanches de corrupção, desvio de verbas e desperdícios de todo tipo na administração pública, o governo federal, sempre tão prestativo com os excluídos, brinda-nos com uma série de programas que viabilizam a transformação de pobres em consumidores. Algum problema nisso? Nenhum. Se existe mais pobre com poder aquisitivo razoavelmente satisfatório para que ele se sinta pertencente à sociedade de consumo, bom para todo mundo. Que o digam as centenas de pessoas que se acotovelaram no Complexo do Alemão, no Rio, ávidas em colaborar com as obras do PAC. São mais de R$ 500 bilhões até 2010 distribuídos em quase 200 obras ao redor do país. Dá pra todo mudo fazer uma feirinha depois.
Há algo no ar. Há possibilidades reais de que a classe média, no futuro, até inche consideravelmente, o que significaria abertura de novos empreendimentos, mais contratações. Se há acesso gratuito à internet para quem não tem dinheiro, então há o direito privilegiado de consumo de informação que por tanto tempo ficou restrito às elites em geral. Se há distribuição de laptops para professores da rede pública de ensino, como alguns governos estaduais já estão viabilizando, então há possibilidades de se lecionar com mais qualidade técnica e teórica.
Se há ONGs, e há muitas por aí, que cada vez mais multiplicam-se como coelhos na santa responsabilidade da inclusão social, quer por vias culturais ou por vias técnico-profissionalizantes, então esse é um fator que contribui para a teoria de que essas entidades estão cada vez mais se empenhando em diminuir a exclusão social.
Na esteira dessa epidemia benigna, pode-se citar o Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) que por sua vez, está elencado ao Programa de Geração de Renda (Proger) e que ambos nada mais são do que transferências econômicas parceladas aos despossuídos. Há os chamados Fundos Constitucionais, criados pelo Ministério da Integração Nacional, que repassam para cooperativas de crédito das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, geralmente gerenciadas pelo Banco do Brasil ou BNDES e bancos estaduais, investimentos aos micro e pequenos empresários como uma forma de acesso a (mais uma vez) fontes de renda oficiais. Há ainda o sistema de cotas.
Há ainda o fato de que o Brasil, pela primeira vez em sua história republicana, tem dinheiro em caixa o suficiente para equilibrar as contas em caso da falência múltipla dos organismos financeiros internacionais e, de quebra, pagar uma dívida externa antes impagável.
Para fechar a tampa da panela, o mafioso-consultor José Dirceu, em artigo escrito semana passada no Jornal do Brasil, fez mais um de seus trabalhos de marketing não-oficial (?) do governo petista. Como roteirista de seu próprio universo, detalhou o novo projeto Territórios da Cidadania como “considerado inovador por especialistas em distribuição da renda”. O programa vai olhar cada um dos 180 territórios a serem atendidos nos próximos dois anos como um todo, “integrando ações de 19 ministérios e envolvendo os poderes locais para promover o desenvolvimento regional sustentável e a garantia dos direitos sociais”.
Pelo andar da carruagem em 2014, já estaremos integrando o G7.
segunda-feira, 10 de março de 2008
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Um comentário:
hehehehehee, pois é, de olho no G7...
É isso que falo. O governo de Lula se preocupou e se dedicou exclusivamente a obras e programas de rápido resultado e baixa eficácia. Para eles, o povo fica satisfeito com isso mesmo - e ele não estão errados, tanto que o presidente é o mais votado em enquetes populares, caso houvesse um 3º mandato à vista.
Cruel isso, e os pensantes dete Brasil ficam de mãos atadas a uma maioria ignorante.
Ótimo texto cara. Abraço!
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