segunda-feira, 8 de outubro de 2007

O pedal é mais embaixo

É apenas a ponta do iceberg querer promover qualquer tipo de discussão moralizadora sobre os culpados envolvidos num racha na ponte JK, no Lago Sul de Brasília, onde morreram 3 pessoas nesse fim de semana. Sem querer me estender sobre didatismos estéreis acerca da responsabilidade que deveria ter um profesor de 41 anos (!) que dirigia bêbado na hora da tragédia, o assunto em si desperta uma excelente oportunidade de análise sobre como a Capital Federal trata os seus motoristas. Trata como se fossem deuses.

Brasília foi projetada para ser uma cidade em que o carro é mais do que um símbolo de consumo e status. É uma ferramenta de necessidade, um diploma reconhecidamente nobre de pertencimento à sociedade sem que o indivíduo seja observado com estranheza. Com os seus amplos espaços, suas pistas longínquas, cada metro quadrado daqui é carregado de uma auto-crítica referencial ao fato de um cidadão não "ter o direito" de ser um mero pedestre desprovido de carburador e cavalos de força.

Há mais pessoas ao volante no asfalto do que almas andarilhas em suas calçadas. A proporção estatística é de 1 carro para cada 4 pessoas, segundo o DFTrans. Para se ter uma idéia do quão alienígenas são os que necessitam do Estado para a simples locomoção a curtas e médias distâncias, somente há alguns meses é que um governo do DF demonstrou sensibilidade com o drama.

Foram adquiridos recentemente 530 ônibus para revitalizar uma das frotas mais sucateadas do país. Antes disso, circulavam, para o desprazer dos pobres trabalhadores, monstros fabricados no início da década de 90 com pouquíssimas amostras de manutenção. Uma das empresas mais criticadas no quesito relaxamento era a Viplan, que pertence ao ex-todo poderoso dono da Vasp, Wagner Canhedo.

Um comentário:

Diego Moretto disse...

Bom, apesar de aparentemente Brasilia ser um lugar "novo" no mapa brasileiro, o problema desconcertante de ruas mal projetadas para o futuro, pega vários cantos do país. Aqui em Vitória, o chamado Transcol, em horário de pico, não passa nas ruas com menos de 100 passageiros. A situação é crítica e frustrante. Da dó olhar aqueles trabalhadores sendo obrigados a passar por aquela situação de descaso.

Bom, achei sua forma de escrever fenomenal, parabéns. Vou te add no meu blog, e acredite, isso é bem raro. Parabéns e obrigado por me visitar, volte sempre!!