domingo, 15 de junho de 2008

Vítima da circunstância



Semana passada tive de assistir a um seminário sobre trânsito para ajudar no desenvolvimento de um projeto de assessoria de imprensa para um novo cliente da agência. O evento era muito bem-vindo, já que reuniria quase duas dezenas de especialistas entre engenheiros de tráfego, autoridades de órgãos federais de trânsito, policiais rodoviários e jornalistas que costumam cobrir a área. Todos dispostos a discutir o presente e o futuro dos meios de transporte público no DF que estão em vias de entrar em colapso.

Fui, então, ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães para fazer a inscrição e me credenciar. Finda essa tarefa, solicitei um táxi por telefone para me levar de volta ao trabalho que fica na Asa Norte. A mocinha que agenda os clientes perguntou, do outro lado da linha, se eu estava próximo “às bolas coloridas”. Como tinha informado com precisão o local onde estava, respondi que não tinha visto nenhuma bola colorida, mas que estaria perto delas para que a referência utilizada facilitasse a minha localização e, enfim, o motorista me pegasse.

Comecei a ficar preocupado quando depois de perguntar para 3 pessoas, escutar respostas negativas sobre a existência dessas tais “bolas coloridas”. Um segurança ainda me orientou a verificar se elas não estavam do outro lado do pavilhão. Liguei de novo e expliquei a confusão:

Moça: Mas qual o número que o senhor disse?
Eu: 3349...
Moça: Onde o senhor disse que estava?
Eu: No Centro de Convenções Ulysses Guimarães, mas não tem nenhuma bola colorida por aqui.
(silêncio no outro lado da linha)
Eu: Alô?
Moça: Senhor, o táxi foi mandado para o Memorial JK. (detalhe: Uns 2,5km de onde estava)
Eu: Sim, mas eu disse a você que estava no Centro de Convenções Ulysses Guimarães... (comecei a respirar fundo)
Moça: Eu vou estar mandando um outro táxi para o senhor. Aonde o senhor se encontra?
Eu: Estou no estacionamento
Moça: Mas ele fica em qual lado?
Eu: Eu acho que fica atrás do Centro.
Moça: Atrás como, senhor?
Eu: (já começando a contar até 74) Querida, tem um monte de carro parado aqui atrás. Já viu estacionamento com carros em movimento? Só os que estão saindo dele. Portanto, deve ser aqui que se localiza o estacionamento.
Moça: ...er...senhor. O senhor pode dar uma descrição do senhor para que o motorista pudesse estar localizando (sic) o senhor?
(após dar a discrição completa de como estava vestido, ainda emendei:)
Eu: Também tenho uma pinta no dedo mindinho da mão esquerda, se isso ajudar.
Moça: Já estou mandado senhor. Tenha um bom dia.

Pensa que acabou?

Quinze minutos se passaram e nada do táxi. A moça havia dito que ele chegaria em 5. Liguei de novo:

Eu: Liguei há pouco pedindo um táxi aqui para o Centro de Convenções...
Moça:...Mas eu já mandei um Siena prata te buscar. Ele ainda não veio?
Eu: Não...você pode me mandar outro?
Moça: Posso. Qual é o número que o senhor disse mesmo?
Eu: 3349...
Moça: Vai estar aí em 10 minutos
Eu: Foi o que você disse da última vez.
Moça: Tenha um bom dia...


Pensa que acabou?

O táxi novamente não veio no tempo previsto e confesso que estava pensando em pegar um ônibus (esqueci de mencionar que a agência tem um convênio através de vausher e eu não tinha dinheiro o suficiente para pegar outro e tampouco existia um banco nas proximidades.)Um outro taxista que estava ali por perto veio conversar comigo:

Taxista: Eu estou percebendo o seu drama. Por que você não diz que está indo para o Aeroporto?
Eu: Como assim?
Taxista: Se você disser isso, eles vêm rapidinho. Faz isso!
Eu: O que eu tenho a perder, né?

Liguei e solicitei o táxi. Disse que estava a caminho do aeroporto. Informei ainda que estava com pressa, pois estava "em cima da hora para pegar o meu vôo":

Moça: Você é o senhor que está no Centro de Convenções, né?
Eu: Sou
Moça: Ele já vai estar chegando aí em 5 minutos
Eu: Tá...

Em menos de 5 minutos aparece um táxi. Às pressas. Mal o veículo estaciona e o motorista põe a cabeça pra fora.

Taxista: Você que é o Fabio?
Eu: Sim, o próprio.
Taxista: Você está indo para o aeroporto?
Eu: Não.Estou indo para a Asa Norte. A moça deve ter se enganado...

2 comentários:

Mari disse...

Vc também tem uma pinta no dedo mindinho direito, bobudo!

Antonio Proenca disse...

vamos estar odiando gerundios, hehe