Não existe nada mais fascinante no jornalismo do que ir além da mera produção de informações. Filtrar diversas formas de absorção sobre o que se pesquisou, entrevistou, escreveu e aplicá-las no cotidiano e, quem sabe, desenvolver pequenas ou grandes consciências. Essa, com certeza, é uma das dádivas que a profissão me oferece. Digo isso, pois estou preparando uma reportagem sobre um tema do qual todos falam, mas nunca desenvolvi uma opinião detalhada sobre o assunto: meio ambiente. Eis, portanto, a minha chance de reparar esse erro e exemplificar com fatos como estou fazendo a minha parte.
A reportagem em questão envolve a produção de petróleo e seu uso desordenado como combustível fóssil que influenciou as mudanças climáticas e o aquecimento global que presenciamos, entre outras consequências. Ela vai estar estampada nas páginas da Revista da ADB (Associação dos Diplomatas Brasileiros) uma secretaria de estado vinculada ao Ministério das Relações Exteriores. Para mim, a melhor revista produzida pela agência. A temática apresentada em suas pautas nunca é simples e demanda muita pesquisa, leitura atenta, especialmente às deliciosas contradições em que certos posicionamentos ideológicos se sustentam. E o meio ambiente é um ótimo celeiro de contradições, ainda mais quando envolvem questões políticas e econômicas e, nesse caso, diplomáticas.
Para início de conversa, o meio ambiente como o conhecemos hoje não envolve somente a preservação de florestas (tema que vou enfocar logo mais). Está, atualmente, disseminado em quase todos os escalões do comportamento e conhecimento humanos: geração de empregos, produção de energia, alimentação, tecnologia, consumo, exclusão social, moda, educação, cultura, políticas públicas, economia, relações internacionais, esportes. Tudo o que se produz nesses campos citados vai ter, de alguma forma, um impacto minimamente ambiental em nosso modo de vida.
O tema se tornou tão abrangente que até os meios de comunicação estão massificando a importância em se discutí-lo. Várias publicações impressas têm preparado suplementos especiais e cadernos específicos. A internet, então, nem se fala. Diversos sites (os meus favoritos estão disponibilizados logo abaixo) que surgiram na grande rede são editados por jornalistas que se especializaram na área, além de ter os seus conteúdos alimentados por artigos e estudos desenvolvidos por inúmeros especialistas. Aliás, profissionais como biólogos, ambientalistas e cientistas nunca estiveram tão em moda.
Para se ter uma idéia do quão alarmantes são os questionamentos sobre meio ambiente e como eles se apresentam para a coletividade, o mundo esteve seriamente atento ao perfil do novo ministro do meio ambiente, Carlos Minc. Além de exercer um papel fundamental como um dos gestores políticos da Amazônia, suas considerações acerca dos índices de desmatamento da floresta, da implementação de incentivos à produção de biocombustíveis, em especial o etanol à base de cana-de-açúcar (da qual comentários pertinentes direcionam o país como uma potência industrial na área dentro em breve), entre outras considerações à pasta, ecoaram pelos quatro cantos do globo e serviram de matéria-prima para a interpretação de centenas de analistas de diversas áreas.
Ainda que a imprensa o qualifique como fanfarrão e espalhafatoso, o ex-secretário estadual de meio ambiente do Rio de Janeiro tem um histórico bastante atuante em sua gestão. É dele, por exemplo, a iniciativa de se assinar convênios com a prefeitura de Niterói e a fundação Santa Cabrini (uma entidade assistencial) para aproveitar a mão-de-obra de presos com bom comportamento em trabalhos de reflorestamento de encostas, proporcionando-lhes renda honesta e ressociabilização. Um projeto que poderia ser estendido para todo o país.
Entretanto, uma dor de cabeça que ainda vai se notabilizar na têmpora de Minc e de outras pastas ministeriais, como a da Justiça e do Trabalho, diz respeito a essa dicotomia trabalho/desenvolvimento econômico via biocombustíveis: os bóias-frias. Se mecanizar as lavouras de cana para a produção do etanol, haverá milhares de desempregados. Se o governo os mantiver, uma série de violações humanitárias e trabalhistas terão de ser revistas. Ninguém hoje em dia quer ser comparado à China nesses quesitos. Mas isso é uma outra história.
Voltando à reportagem. Escrevo essas palavras e ela ainda está no início. Tempo suficiente para se descobrir que num passado não muito distante, nos rebeldes anos 70,foi elaborado um dos primeiros grandes estudos sobre meio ambiente, ironicamente instituído por um industrial italiano que reuniu outras lideranças empresariais interessadas em se discutir o futuro da civilização humana. Esse conglomerado de personas tão influentes ficaria conhecido posteriormente como o Clube de Roma. Em 1972, o Clube subsidiou o patrocínio de um batalhão de pesquisadores vindos do Massachusetts Institute of Technology (MIT).
Esse trabalho em conjunto, que durou cerca de dois anos, resultou no mais detalhado relatório sobre os problemas mundiais de então que originariam o livro Limits of Grow (Os Limites do Crescimento em inglês), uma espécie de pai do Protocolo de Kyoto, que vendeu mais de 30 milhões de cópias em 30 idiomas, tornando-se o livro sobre ambiente mais vendido da história. Pela primeira vez questões como industrialização acelerada, rápido crescimento demográfico, escassez de alimentos, esgotamento de recursos não renováveis, entre outras, que antes eram debatidos somente dentro dos círculos acadêmicos foram levados a quem mais interessava: o resto da humanidade.
De lá pra cá muita coisa mudou. Hábitos, conceitos e comportamentos precisaram ser mudados. O que antes era a solução, transformou-se em vilão, a exemplo do plástico. Para salvar o planeta, precisou-se convencer os empresários de que investir em meio ambiente pode ser um excelente negócio.A Amazônia, que deveria ser um eterno santuário imaculado, tem a sua preservação repensada de forma que possamos “crescer com sustentabilidade”. Essa discussão surgiu graças à uma matéria bombástica da revista The Economist, no início de junho, que nutria uma teoria polêmica sobre a internacionalização da Amazônia.
Em princípio, (antes de mais nada, a teoria não é da revista e, sim, de um lobby internacional defendido por ela) o Brasil não poderia, sozinho, administrar a preservação da floresta devido a frouxidão de sua política interna que não impede, por exemplo, o crescimento da expansão pecuária e da grilagem de terra. O governo rebate dizendo que cria áreas de conservação. Elas foram amplamente desmitificadas em um esclarecedor artigo escrito pelo jornalista Ricardo Kotscho, em sua coluna no IG, que dentre outros petardos afirma que “tudo muito bem, tudo muito bonito, mas quem vai fiscalizar estas unidades de conservação, se as atuais tropas do Incra e do Ibama já não dão conta de cuidar das dezenas de áreas igualmente já protegidas por decreto?”
Ao meu ver e, finalmente, para fechar esse gigantesco post, digo que é preciso se criar um programa em que haja uma exploração consciente da Amazônia, de forma que se priorize, entre outras questões, o sustento de quase 20 milhões de pessoas que habitam a região. A preservação pela preservação me parece um argumento purista demais para ser sustentado quando se depara com as centenas de possibilidades, principalmente no que concerne a avanços científicos na medicina, que a floresta pode proporcionar. O que já se devastou é praticamente impossível de reverter, mas nem por isso defendo aqui a institucionalização das queimadas. Mas é evidente que a simples fiscalização pelos órgãos governamentais brasileiros é extremamente falha e corrupta, gerando, por meios escusos, a degradação ecológica que tanto se quer evitar.
Internacionalizar também é um argumento um tanto perigoso de se defender, já que se for lotear uma gleba de terra para os EUA, por exemplo, que garantias teremos que haja um compartilhamento de benefícios para todos? Somente pelo fato deles deterem uma tecnologia superior a nossa e subsidiarmos a matéria-prima?
Por enquanto, é melhor continuarmos tecendo as nossas ações individuais. Comece, lendo alguns dos sites que recomendo e se informando. Você recicla lixo? Poupa energia elétrica e água? Prioriza meios não poluentes de transporte? Ótimo. Você já está na onda.
Artigos, estudos, legislação, eventos, etc.
Ambiente Brasil
WWF
Para se informar sobre reciclagem
Reportagens
segunda-feira, 30 de junho de 2008
domingo, 15 de junho de 2008
Vítima da circunstância
Semana passada tive de assistir a um seminário sobre trânsito para ajudar no desenvolvimento de um projeto de assessoria de imprensa para um novo cliente da agência. O evento era muito bem-vindo, já que reuniria quase duas dezenas de especialistas entre engenheiros de tráfego, autoridades de órgãos federais de trânsito, policiais rodoviários e jornalistas que costumam cobrir a área. Todos dispostos a discutir o presente e o futuro dos meios de transporte público no DF que estão em vias de entrar em colapso.
Fui, então, ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães para fazer a inscrição e me credenciar. Finda essa tarefa, solicitei um táxi por telefone para me levar de volta ao trabalho que fica na Asa Norte. A mocinha que agenda os clientes perguntou, do outro lado da linha, se eu estava próximo “às bolas coloridas”. Como tinha informado com precisão o local onde estava, respondi que não tinha visto nenhuma bola colorida, mas que estaria perto delas para que a referência utilizada facilitasse a minha localização e, enfim, o motorista me pegasse.
Comecei a ficar preocupado quando depois de perguntar para 3 pessoas, escutar respostas negativas sobre a existência dessas tais “bolas coloridas”. Um segurança ainda me orientou a verificar se elas não estavam do outro lado do pavilhão. Liguei de novo e expliquei a confusão:
Moça: Mas qual o número que o senhor disse?
Eu: 3349...
Moça: Onde o senhor disse que estava?
Eu: No Centro de Convenções Ulysses Guimarães, mas não tem nenhuma bola colorida por aqui.
(silêncio no outro lado da linha)
Eu: Alô?
Moça: Senhor, o táxi foi mandado para o Memorial JK. (detalhe: Uns 2,5km de onde estava)
Eu: Sim, mas eu disse a você que estava no Centro de Convenções Ulysses Guimarães... (comecei a respirar fundo)
Moça: Eu vou estar mandando um outro táxi para o senhor. Aonde o senhor se encontra?
Eu: Estou no estacionamento
Moça: Mas ele fica em qual lado?
Eu: Eu acho que fica atrás do Centro.
Moça: Atrás como, senhor?
Eu: (já começando a contar até 74) Querida, tem um monte de carro parado aqui atrás. Já viu estacionamento com carros em movimento? Só os que estão saindo dele. Portanto, deve ser aqui que se localiza o estacionamento.
Moça: ...er...senhor. O senhor pode dar uma descrição do senhor para que o motorista pudesse estar localizando (sic) o senhor?
(após dar a discrição completa de como estava vestido, ainda emendei:)
Eu: Também tenho uma pinta no dedo mindinho da mão esquerda, se isso ajudar.
Moça: Já estou mandado senhor. Tenha um bom dia.
Pensa que acabou?
Quinze minutos se passaram e nada do táxi. A moça havia dito que ele chegaria em 5. Liguei de novo:
Eu: Liguei há pouco pedindo um táxi aqui para o Centro de Convenções...
Moça:...Mas eu já mandei um Siena prata te buscar. Ele ainda não veio?
Eu: Não...você pode me mandar outro?
Moça: Posso. Qual é o número que o senhor disse mesmo?
Eu: 3349...
Moça: Vai estar aí em 10 minutos
Eu: Foi o que você disse da última vez.
Moça: Tenha um bom dia...
Pensa que acabou?
O táxi novamente não veio no tempo previsto e confesso que estava pensando em pegar um ônibus (esqueci de mencionar que a agência tem um convênio através de vausher e eu não tinha dinheiro o suficiente para pegar outro e tampouco existia um banco nas proximidades.)Um outro taxista que estava ali por perto veio conversar comigo:
Taxista: Eu estou percebendo o seu drama. Por que você não diz que está indo para o Aeroporto?
Eu: Como assim?
Taxista: Se você disser isso, eles vêm rapidinho. Faz isso!
Eu: O que eu tenho a perder, né?
Liguei e solicitei o táxi. Disse que estava a caminho do aeroporto. Informei ainda que estava com pressa, pois estava "em cima da hora para pegar o meu vôo":
Moça: Você é o senhor que está no Centro de Convenções, né?
Eu: Sou
Moça: Ele já vai estar chegando aí em 5 minutos
Eu: Tá...
Em menos de 5 minutos aparece um táxi. Às pressas. Mal o veículo estaciona e o motorista põe a cabeça pra fora.
Taxista: Você que é o Fabio?
Eu: Sim, o próprio.
Taxista: Você está indo para o aeroporto?
Eu: Não.Estou indo para a Asa Norte. A moça deve ter se enganado...
quarta-feira, 4 de junho de 2008
O arraiarrr da federarrr
Esse ano promete. A Igreja de Santa Cruz que fica na 904 Sul, ali na W5, vai ter uma barraquinha especial para as festividades juninas que se aproximam. Diversos artigos apreendidos pela Receita Federal em várias operações foram doados para a paróquia e serão rifados. O burburinho é geral, mas o pároco José Ailton não revela nem sob tortura o que será vendido.
- Vão ter que ir lá pra conferir.- diz.
- Vão ter que ir lá pra conferir.- diz.
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