domingo, 19 de agosto de 2007

Relato de um carioca em Brasília parte 2

Depois de um breve hiato, voltei a escrever. Talvez não em doses nem tão homeopáticas ou homéricas assim de coragem, mas pelo menos é uma terapia baseada no hábito de escrever. Isso já basta. Alivia um pouco, alivia demais. Dessa vez prometo, pelo menos para mim mesmo e pela minha sempre fiel e inexistente audiência, que caso haja mais pré-disposição de minha parte para tal, não deixarei essa rotina assim tão largada ao relento.Nem que seja para fazer uma reciclagem de estilo e narrativa, escrevo. Obrigo-me, por enquanto, a esse...hummmmm....prazer. Um dia explico melhor o significado de tantas interferências nesse processo. Processo esse que eu deveria respeitar mais, me devotar mais, desburocratizar as vontades. Como já disse, um dia eu explico melhor pra vocês.

Estou de volta às terras cariocas. Ao calor, à família, aos que me têm bem. Esse exílio consensual em terras candangas federais foi praticamente um bimestre de auto-ajuda em tempo integral. Fui meu próprio divã, não pelas circunstâncias de uma série de inseguranças existenciais, mas para que os fatos que as produziam fossem debeladas e as conclusões sobre o que eu deveria fazer com elas fossem as mais resolutas em pouquíssimop tempo. São dois meses em que conheci o melhor de mim: o exercício de ser paciente comigo mesmo. Paciente com as expectativas da alcova, do piso, da esquina, da cozinha, do teclado, da falta do teclado, do espelho, dos vícios, do corpo, da alma, das cobranças, dos esporros que dou, dos esporros que recebo, das mãos atadas para tanta coisa, da liberdade por fim conseguida, negociada, adaptada... e, por fim, do amor essencialmente vivido, transformado em soma e multiplicação. De quê eu exatamente não sei ainda. Mas tenho uma leve desconfiança.

Nesses dez dias que ficarei aqui, eu tenho certeza de duas coisas. Uma: meu futuro não está traçado ainda. Dois: vou continuar traçando o meu futuro para ontem. Mas preciso de reparos, preciso de fôlego, preciso de um pouco de amigos, de cerveja, de colo de mãe, comidinha caseira de mãe. Esse está sendo o ano mais curto da minha vida e os outros vão ser menores ainda. Só quero saber o que poder dar certo e não tenho tempo a perder. Mas não posso perder a ternura. Preciso de 10 dias para tirar o pé do acelerador.

Ontem eu sei que chutei em direção ao gol. Foi gol de placa ou bola na trave? Quer saber? Não me importo. Estou é cansado de ouvir os apitos de impedimento da minha vida.

Um comentário:

Mari disse...

Para frente. Sempre. Acho que o segredo está aí...